PORTUGUÊS BRASILEIRO E SOCIEDADE NO BRASIL: debate histórico e político
DICIONÁRIO CRÍTICO DE SOCIOLINGUÍSTICA, de Marcos Bagno, e HISTÓRIA SOCIO POLÍTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA, de Carlos Alberto Faraco, foram lançados em evento no Memorial da América Latina.
Um modelo fractal
Os modelos de aquisição de línguas não contemplam todos os processos envolvidos na aquisição de uma língua, muito menos, os de uma língua estrangeira. Vejo esses modelos como visões fragmentadas de partes de um mesmo sistema. Embora seja possível teorizar sobre a existência de alguns padrões gerais de aquisição, cada pessoa tem as suas características individuais, sendo impossível descrever todas as possibilidades desse fenômeno. Há variações biológicas, de inteligência, aptidão, atitude, idade, estilos cognitivos, motivação, personalidade e de fatores afetivos, além das variações do contexto onde ocorrem os processos de aprendizagem ─ quantidade/qualidade de input disponível, distância social, tipo e intensidade de feedback, cultura, estereótipos, entre outros.
Hoje, ao amanhecer, cedendo ao gesto já compulsivo de acender o celular, fui acordado pela mensagem: “Pra tu vê como vale tudo em nome do humô”. O link que se seguia me conduziu ao Facebook e a um vídeo no qual o humorista fazia um arremedo de aula de língua portuguesa. E que ponto ele abordava? A correção forçada da pronúncia dos termos “planta”, “problema”, “paroxítona” e “paralelepípedo”…
Ele tentava disciplinar a pronúncia desses termos, tendo por alunas sua mãe e outra pessoa cujo vínculo com ele não está determinado, todos os três de origem claramente popular. O vídeo, postado em 29 de março de 2017 às 12:10, já foi visto por mais de dois milhões de pessoas [!], foi compartilhado quase 25 mil vezes e recebeu dezoito mil comentários.
Há graça no trabalho do comediante? Alguma, especialmente se se considera que ele tem também a língua presa [anquiloglossia].
Temos de respeitar a liberdade do comediante de abordar todo e qualquer tema que escolha, em nome da liberdade de expressão e do respeito à autonomia de criação artística? Sim, claro!
A importância de valorizar o ensino de línguas estrangeiras na escola regular brasileira
Nesta entrevista, os organizadores e autores de Faça a diferença: ensinar línguas estrangeiras na educação básica, Laura Miccoli e Alex Garcia da Cunha abordam a importância dos benefícios de se aprender uma segunda língua, especialmente o inglês, ainda na infância, nas escolas públicas e privadas e o quanto este ensino é desacreditado por alunos e professores na escola regular do Brasil. Para aprender uma segunda língua, o aluno precisa pensar menos em vocabulário e gramática e mais no uso da língua estrangeira.
1. O avanço extraordinário da tecnologia é feito em língua inglesa. Que perspectivas tem a pessoa que chega à idade de trabalhar e não sabe inglês?
Não saber inglês pode reduzir as possibilidades de entrar no mercado de trabalho em atividades de nível superior e até mesmo de nível médio. A pouca oferta de vagas aumenta a disputa por postos de trabalho e quem tiver mais a oferecer sairá na frente. Um empregado com domínio de mais que apenas a língua materna potencializa as oportunidades de trabalho e daquilo que pode oferecer à empresa contratante, tornando-se mais atraente ao empregador.
Em outras palavras, não saber inglês ou mais línguas estrangeiras pode prejudicar quem deseja entrar no mercado de trabalho.