ENSINO DE INGLÊS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Qual seria a metodologia mais adequada à realidade da escola pública para que o aluno seja estimulado a aprender e a desenvolver autonomia numa segunda língua dentro e fora da sala de aula?
ENSINO DE INGLÊS NA REDE PÚBLICA DE ENSINO
Qual seria a metodologia mais adequada à realidade da escola pública para que o aluno seja estimulado a aprender e a desenvolver autonomia numa segunda língua dentro e fora da sala de aula?
A recepção dos estrangeirismos no comércio
Com respeito à presença de vocábulos na maior parte oriundos da língua inglesa no português brasileiro, comumente observados em nomes de empresas, estabelecimentos comerciais, além de cartazes e anúncios em vitrines de lojas, lembro-me que, ao tomar café de manhã na “Padaria Breadway”, num belo dia de verão, numa cidade praieira no litoral paulista, e ao abrir a Folha de S.Paulo de 6 de janeiro 2000, vi meu texto “Língua pasteurizada” publicado na página 3 de “Tendências e Debates” (Schmitz, 2000a).
Um modelo fractal
Os modelos de aquisição de línguas não contemplam todos os processos envolvidos na aquisição de uma língua, muito menos, os de uma língua estrangeira. Vejo esses modelos como visões fragmentadas de partes de um mesmo sistema. Embora seja possível teorizar sobre a existência de alguns padrões gerais de aquisição, cada pessoa tem as suas características individuais, sendo impossível descrever todas as possibilidades desse fenômeno. Há variações biológicas, de inteligência, aptidão, atitude, idade, estilos cognitivos, motivação, personalidade e de fatores afetivos, além das variações do contexto onde ocorrem os processos de aprendizagem ─ quantidade/qualidade de input disponível, distância social, tipo e intensidade de feedback, cultura, estereótipos, entre outros.
Graças à publicação de um grande número de artigos em jornais de circulação nacional e regional, em revistas científicas, além de dois livros [Motta-Roth (org.), 2000 e Faraco, 2001], todos eles críticos ao Projeto de Lei n. 1676/1999, o empreendimento do deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP) ficou parado numa comissão legislativa e nunca chegou a ser votado pelas plenárias das duas câmaras. Importante observar que a linguística aplicada, ainda incipiente no país por volta de 1999, foi a primeira área dos estudos da linguagem a rejeitar a proposta de proibir o uso de estrangeirismos [Motta-Roth (org.), 2000].
A Folha de S.Paulo, num editorial intitulado “Português a fórceps” (30/03/2001: 2), foi severa. O uso do vocábulo fórceps capta nitidamente a opinião do jornal.
Não considero exagerado afirmar que nenhum outro projeto proposto pelo poder legislativo chegou a ser debatido com tanta amplitude e tenha levado a tantas publicações – livros, dissertações de mestrado e teses de doutoramento – junto com uma pletora de artigos.
Como ensinar inglês e outros idiomas na educação básica?
A Parábola Editorial me incumbiu a tarefa de escrever um texto em resposta à pergunta: Como ensinar inglês e outros idiomas na educação básica? É tarefa difícil responder a essa pergunta em um texto curto e mais difícil ainda se tratarmos das escolas públicas. Afinal, as escolas privadas, em sua maioria, possibilitam aos alunos aulas de idiomas de qualidade por possuírem a infraestrutura necessária, disponibilizando equipamentos e materiais didáticos a alunos e professores. Além disso, série após série, elas conseguem manter uma sequência de ensino, com um número razoável de alunos por turma, garantindo-lhes a possibilidade de desenvolverem inclusive a fala e a compreensão oral. Há escolas privadas que contratam os serviços de institutos de idioma, geralmente, de inglês, para se responsabilizarem pelas aulas. Não há, portanto, necessidade de eu escrever mais sobre elas aqui.
ESCOLAS PÚBLICAS
A realidade das escolas públicas, infelizmente, é outra se sairmos da esfera federal e nos mantivermos nas esferas municipal e estadual. Geralmente, faltam equipamentos e materiais didáticos. Às vezes, a carga horária semanal é baixa e as turmas são grandes. Em algumas escolas, há ainda o problema de os alunos terem aulas de uma língua em um ano, como, por exemplo, espanhol, e de outra língua no ano seguinte, como, por exemplo, inglês. Essa descontinuidade traz óbvios prejuízos para a aprendizagem.