Blog da Parábola Editorial

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Stella Maris Bortoni-Ricardo é formada em letras português e inglês pela Universidade Católica de Goiás (1968), tendo cursado o primeiro ano no Lake Erie College, em Ohio, USA; tem mestrado em linguística pela Universidade de Brasília (1977) e doutorado em linguística pela Universidade de Lancaster (1983). Fez estágio de pós-doutorado na...

Stella Maris Bortoni-Ricardo é formada em letras português e inglês pela Universidade Católica de Goiás (1968), tendo cursado o primeiro ano no Lake Erie College, em Ohio, USA; tem mestrado em linguística pela Universidade de Brasília (1977) e doutorado em linguística pela Universidade de Lancaster (1983). Fez estágio de pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia (1990). Foi bolsista Fulbright na Universidade do Texas em Austin (1978-9). É professora titular emérita de linguística da UnB. Atualmente atua como docente e pesquisadora na Faculdade de Educação daquela universidade e como orientadora no doutorado em linguística. Tem experiência na área de sociolinguística, com ênfase em educação e linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, educação em língua materna, letramento, alfabetização e etnografia de sala de aula. Autora de diversas obras pela Parábola Editorial.

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Falar, ler e escrever em sala de aula

Depositphotos_82058610_l-2015 Stella Maris

 

Foi uma experiência muito especial voltar a um livro escrito por mim e pela Profª Maria Alice Fernandes de Sousa, em 2008. Um livro que ficou meio esquecido, embora, de fato, seja a gênese de alguns outros que vieram depois  todos visando um diálogo com professores, desde a alfabetização até os estágios avançados do ensino da língua portuguesaFalar, ler e escrever em sala de aula: do período pós-alfabetização ao quinto ano, publicado pela Parábola Editorial, faz parte de uma série coordenada por mim, “Ensinar leitura e escrita no ensino fundamental”, que contemplou alfabetização (do primeiro ao quinto ano), pós-alfabetização (do sexto ao nono ano) e EJA. Entre os autores da série, estão competentes autoras/professoras que fizeram pós-graduação na Universidade de Brasília (UnB).

Com esse livro, dei início a uma proposta epistemológica tridimensional que haveria de me acompanhar nos anos seguintes até a atualidade. Passo a descrevê-la: o trabalho pedagógico com a língua materna na escola brasileira tem de contemplar uma abordagem incidental, uma abordagem holística e uma abordagem indutiva. Agora, ilustro essas abordagens com excertos do livro mencionado.

O modo de trabalhar deve ser incidental em virtude do caráter multidisciplinar do conteúdo que se quer ensinar. Sempre que há oportunidade, professores e alunos se envolvem nos mais variados temas, respeitando a idade e o desenvolvimento sociocognitivo dos alunos. A agenda da professora será suficientemente flexível para incorporar temas emergentes na interação da sala de aula. Ao escrever com seus alunos uma cartinha à aluna que sofreu um acidente, a professora aproveita para explicar que essa coleguinha sofreu uma fratura no fêmur, discorrendo superficialmente sobre os ossos do corpo humano.

A abordagem é holística porque todo o trabalho tem início com um episódio real de língua oral ou escrita e, no seu desenvolvimento, contempla as habilidades e competências envolvidas na mágica do falar, ler e escrever, que se apresentam na vida cotidiana dos alunos. Sempre que oportuno, a professora traz informações sobre variações linguísticas para a sala de aula.

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Princípios da sociolinguística

Princípios da sociolinguística

 

Conceitos e definição

 

A sociolinguística costuma ser definida como um ramo interdisciplinar nos estudos da linguagem. Para entendermos onde repousa essa interdisciplinaridade, vamos remontar sucintamente a suas raízes e discutir as subáreas que se abrigam sob a denominação sociolinguística.

 

Em meados do século XX, muitos estudiosos de linguística na Europa, palco de duas guerras mundiais, fixaram residência nos Estados Unidos. Eram pesquisadores renomados, com formação advinda da linguística saussuriana e do Círculo Linguístico de Praga.

 

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mardi 25 février 2020 23:13
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Bastidores dos estudos da variação linguística no Brasil

Bastidores dos estudos da variação linguística no Brasil

Relato de Stella Maris Bortoni-Ricardo

 

Enviou-me a Parábola Editorial sugestão de que eu escrevesse sobre curiosidades de variação linguística. O tema é oportuno porque o Brasil é a nação onde o modelo epistemológico e metodológico da variação linguística alcançou o mais amplo desenvolvimento, se considerarmos todos os países em que a língua ou línguas nacionais têm sido objeto desses estudos.


Quem me afirmou isso foi William Labov, e essa para mim já é a primeira importante curiosidade sobre o tema. No início da década de 1990, eu havia recentemente retornado de um estágio de pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia, onde William Labov leciona há muito tempo, quando fui prazerosamente surpreendida com um amável convite de colegas linguistas da UFRJ para ir ao Rio de Janeiro encontrar-me justamente com o professor Labov. O convite partiu da saudosa amiga Alzira Tavares de Macedo, linguista do Departamento de Linguística e Filologia da Faculdade de Letras da UFRJ.

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Sociolinguística em sala de aula

Sociolinguística em sala de aula

Como introduzir a Sociolinguística em sala de aula?

 

A Sociolinguística é um ramo dos estudos da linguagem que teve origem na chamada Linguística Estruturalista do século XX, mas que não adotou um de seus pressupostos herdados do suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) e influenciados por Émile Durkheim (1858-1917): o de que há que se fazer uma distinção entre o fato social, a língua, e sua manifestação, a fala. A primeira, por ser social e compartilhada  é homogênea e, portanto, podia ser estudada e descrita, enfatizando-se as oposições que se estabeleciam em seu interior. Já a fala seria a província da variação e era infensa a regularidades.

 

Os estudiosos que vieram a ser chamados de sociolinguistas estavam em busca de regularidades também na fala heterogênea, isto é, no uso que os indivíduos fazem da língua. Muitos deles simplesmente descartaram a dicotomia saussuriana língua e fala, bem como a outra, chomskiana, competência e desempenho, que faz uma releitura daquela.
Tal busca emergiu principalmente nos Estados Unidos, nas décadas de 1960 e 1970, quando aquele país assistia às reivindicações da população afro-americana, que deram origem à postulação dos Direitos Civis, depois transformados em lei. Nesse contexto, é fácil entender por que  os primeiros trabalhos de Sociolinguística se voltaram à descrição da variedade do inglês usada pela população estigmatizada.  A intenção era demonstrar que tal variedade era regida por regras linguísticas sistemáticas e previsíveis, que podiam ser identificadas por meio de análises estatísticas, até então não utilizadas nos estudos da linguagem.

 

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OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

introdução

Stella Maris Bortoni-Ricardo

 

A ideia para este livro me veio de uma conversa há cerca de um ano com meu neto, à época com 4 anos. Encantado com heróis e episódios históricos, principalmente os clássicos, ele me perguntou: “Vovó, qual dos trabalhos de Hércules você acha mais legal?”

Suspirei fundo. Eu não me lembrava de nenhum trabalho de Hércules; confundia este herói com Teseu.

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