Cursos de Letras no Brasil

Formados em Letras fazem o quê?

A pergunta pode parecer boba, mas não é. Fazia algum tempo que eu desejava me aproximar desse assunto em nosso blog, quando tive a atenção despertada por comentários feitos em grupos de discussão, em linhas do tempo no Facebook e por relatos de formadores de professores de língua[s] e literatura[s] em nível de graduação: na área de Letras, há grande desestímulo à carreira docente, muito por conta das duras condições de trabalho e da injustificadamente baixa remuneração dos profissionais formados nos cursos de Letras que se dispõem a atuar na educação básica. Até mesmo aqueles que seguem para o mestrado e o doutorado em Letras muitas vezes afirmam não serem reconhecidos em seus esforços de formação profissional enquanto não conseguem postos de trabalho no funcionalismo público federal, claro, com as exceções de praxe daqueles que conseguem postos de trabalho em algumas instituições privadas que invistam em pesquisa e ofereçam planos de carreira minimamente compensadores.


Celso Ferrarezi Jr.
 me contou, tempos atrás, a história do carteiro que atende a rua em que ele mora em Alfenas, MG. O carteiro, formado em História, encontrou mais estabilidade e segurança em ser funcionário concursado dos Correios do que no magistério municipal ou estadual; mais segurança como carteiro do que em assumir posto como professor na rede oficial de educação básica no município em que mora. Nenhum problema com ser carteiro, nenhuma crítica à escolha individual de qualquer profissão. A questão é o desperdício de tempo e de recursos, o investimento fraudado, o plano profissional abandonado pela crônica falta de investimento oficial em educação, não só em Minas Gerais, mas no Brasil como um todo.