Blog da Parábola Editorial

Blog da Parábola Editorial

Por que uma escola sem partido é impossível?

escola-sem-partido

 

Nós somos seres condenados a significar. A fala neutra é uma impossibilidade em termos. Toda palavra proferida é carregada de tudo o que somos, temos sido e seremos. A própria capacidade de falar é histórica, socialmente situada: não aprendemos a falar porque um deus nos soprou ao ouvido. A língua é uma história, por isso mesmo é que se transforma ao longo do tempo, junto com a sociedade. A sincronia é uma quimera: tudo o que dizemos e ouvimos é uma cápsula do tempo em que dias, anos e séculos se entrecruzam. 

 

Um ensino/aprendizagem sem produção de sentido, sem construção de significado, é algo que somente as distopias literárias e cinematográficas podem tentar, mas sempre fadadas ao fracasso, já que se fazem com... palavras. Nem mesmo um robô conseguiria dar aulas "neutras", porque alguém teria de emprestar sua voz à máquina, e não há voz neutra. 

 

Para cumprir o dejeto de lei da escola sem partido (porque projeto de lei é outra coisa, ao menos em países civilizados) que tenta nos transformar em cascas vazias, teríamos de entrar em sala, nos sentar à mesa diante dos alunos e não dizer uma só palavra durante toda a aula. Sim, e de óculos escuros, porque os olhos falam muito. De fato, falar é tão entranhadamente humano que a fala se manifesta não só pela boca, mas pelas mãos, pelos pés, pelos olhos, por todo o corpo que, se é corpo humano, é corpo feito de linguagem. E nada fala mais alto do que o silêncio. Mais prático, mais realista e mais barato é simplesmente eliminar a educação da vida em sociedade, fechar todas as escolas, todas as universidades, todas as bibliotecas, todos os teatros, todos os cinemas. 

 

É inacreditável que dois mil e quinhentos anos de tradição filosófica sobre a linguagem (e isso só no Ocidente) sejam desconsiderados como se toda essa reflexão não tivesse tido o imenso impacto que teve na formação mesma da civilização. Quem deseja uma fala neutra sofre de tanta estupidez que não se dá conta de que sua própria fala não é neutra, é carregada. No caso desse dejeto de lei de uma irrealizável escola sem partido, uma fala carregada de um desprezo profundo pela inteligência, pela cultura, pela arte, pela civilização. 

 

Existe neutralidade no Hino Nacional? 

 

Existe neutralidade em qualquer versículo mínimo da Bíblia? 

 

Existe neutralidade na fala de quem diz que vai matar indiscriminadamente, que é a favor da tortura, que prefere um filho morto a um filho homossexual? 

 

Há neutralidade em dizer que vamos combater os inimigos externos e internos? 

 

Uma escola sem partido é, obviamente, uma escola partidarizada para o que há de mais tosco, sórdido, vil e abjeto na sociedade brasileira neste momento. Uma escola sem partido é, sobretudo, uma ideia burra.

  

Home Page  | Facebook  | Instagram  | Twitter 
WhatsApp (11) 5061.9262 / (11) 9 8763.3590

 

Black Friday da Parábola
Best-sellers para incrementar suas aulas de portug...

Posts Relacionados

 

Comentários

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Já Registrado? Login Aqui
Visitantes
Terça, 16 Abril 2024
logo_rodape.png
Blog da Parábola Editorial
Todos os Direitos Reservados

Entre em contato

RUA DR. MÁRIO VICENTE, 394 IPIRANGA | 04270-000 | SÃO PAULO, SP
PABX: [11] 5061-9262 | 5061-8075
Sistemas Web em São Paulo

Search