Blog da Parábola Editorial

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PAULO COIMBRA GUEDES virou professor de português em 1967, quando se licenciou em letras. Dedicou-se, desde então, a ensinar todo tipo de aluno — em escolas públicas e particulares, em cursos pré-vestibular, nos cursos de comunicação e letras da UFRGS — a escrever, o que o obrigou a aprender a escrever e a aprender como se aprende a escrever....

PAULO COIMBRA GUEDES virou professor de português em 1967, quando se licenciou em letras. Dedicou-se, desde então, a ensinar todo tipo de aluno — em escolas públicas e particulares, em cursos pré-vestibular, nos cursos de comunicação e letras da UFRGS — a escrever, o que o obrigou a aprender a escrever e a aprender como se aprende a escrever. Esse trabalho todo acabou convencendo-o de que ensinar a escrever é ensinar português e vice-versa. Ensinar português é ensinar a escrever literatura brasileira é o título da tese, defendida na metade dos anos 1990, que lhe deu título de doutor em linguística aplicada. Esse livro é um dos capítulos dessa tese. Outro capítulo é A formação do professor de português — que língua vamos ensinar?, também editado pela Parábola Editorial. Os outros dois capítulos também vão virar livros: um deles vai se chamar Autoria, gramática e estilo, e o outro, Professor é quem se ensina. Enquanto escreve e revisa esse material, ensina a escrever e a ensinar a escrever na graduação em letras e orienta dissertações e teses que tratem de texto e de ensino de português no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS. Escreveu também um romance chamadoTratado geral da reunião dançante, editado em Porto Alegre pela editora Artes e Ofícios, e tem outros na cabeça. Os amigos acham que ele vai pro céu por ter deixado de lado a carreira de romancista pra ensinar os outros a escreverem. Ele acha que aqui está bem bom.

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DA REDAÇÃO À PRODUÇÃO TEXTUAL

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Paulo Coimbra Guedes

 

 1972, ingressei na equipe que dava aulas de redação técnica para os alunos do primeiro semestre de todos os cursos da UFRGS; em 1974, me convidaram para dar aulas de redação jornalística, disciplina do curso de Jornalismo, ministrada historicamente por um professor do curso de Letras. Não era a mesma coisa que dar aulas pra calouros, mas, quando eu ainda era aluno da graduação, tinha dado umas aulas pra eles como monitor de uma disciplina comum aos dois cursos. E eles tinham me tratado bem, mas, se não tivessem, eu topava igual: eu fui pro curso de Letras porque queria ser escritor. “Vai que ensinando a escrever” — pensei eu — “acabo aprendendo a fazer isso”. Fui.   

         Perguntaram quem eu achava que era pra me meter a dar aula pra eles, e eu mandei escreverem sobre as recentes notícias de pessoas que, na Europa e nos Estados Unidos, tiravam toda a roupa e saíam correndo pela rua. Recolhi os textos, levei pra casa e, com uma caneta vermelha, enchi todos de comentários. Desde que eu tinha começado a dar aula, sete anos antes, eu já fazia uma espécie de diário, onde registrava o que acontecia nas aulas, o que eu planejava, os resultados, o que funcionava, o que emperrava e copiava e comentava coisas que os alunos escreviam: coisas erradas, estranhas, interessantes: palavras, frases, trechos.

         Devolvi os escritos na aula seguinte e discutimos. Dei outro, recolhi, li, comentei em vermelho, devolvi, e assim foi, até que, com o passar dos anos, estabeleci um conjunto de temas e a prática de escrever em casa e cada um ler o seu texto em voz alta, na aula. Tudo isso e mais um pouco mais está contado em Da redação à produção textual. Lá diz que redações escolares são escritos em que os alunos escrevem o que a escola convenceu eles que é obrigatório dizer. Lá diz também que isso não vale a pena escrever. O que vale a pena escrever é texto, que tem a finalidade de dizer o que o autor quer dizer a respeito do assunto de que trata. Para virar texto, o escrito tem de ter quatro qualidades: unidade temática, objetividade, concretude e questionamento. Em Da redação à produção textual essas qualidades são definidas, descritas e exemplificadas em vários textos de várias origens. Em síntese, lá se ensina a escrever textos, que são muito mais interessantes de se escrever e ler do que redações escolares.

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Você trabalha com produção de texto? Leia isso agora!

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Escrever melhor é ler e ler-se

 

Quando comecei a dar aulas sobre escrever, participando de uma grande equipe contratada para ensinar a fazer o que não sabia fazer – redação técnica – para todos os alunos do primeiro semestre da UFRGS, nós lemos uma extensa bibliografia sobre o assunto. A maior parte da bibliografia era americana – e também era a mais colorida e dinâmica de todas –, e os americanos tinham algumas unanimidades, como, por exemplo, uma lista de temas e um esquema prévio, e muito frequentemente sugeriam uma lista de prós e contras. Essa lista de prós e contras fazia certo sucesso entre alguns conhecidos professores de cursinho pré-vestibular, que simplificavam dizendo que a redação devia sempre expor os dois lados da questão: devia ter um parágrafo começando... por um lado..., e o seguinte devia começar... por outro lado... Eram as coisas mais chatas de ler na avaliação das redações do vestibular.

 

essa ideia dos prós e contras na redação é coisa de americano

Eu dei aula de redação alguns anos e falava nesse esquema prévio omitindo, é claro, essa coisa dos prós e contras. Até batia boca com colegas que achavam isso interessante: Isso é coisa de americano, que acha que só tem dois lados – o deles e o dos outros; a gente aqui nasceu sabendo que não pode ter certeza de coisa nenhuma.

 

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